quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estrias

Estrias: Como Eliminá-las?

A pele se rompe, as bordas cicatrizam e pronto: a pele ganha uma marca que incomoda a todos, homens e mulheres: as estrias.
E, para deixar a situação pior, ainda não existe um tratamento médico ou estético para acabar totalmente com elas
.

A estria se forma quando a pele é excessivamente estirada, ultrapassando sua capacidade de distensão. “Ela se rompe e suas bordas, ao cicatrizarem, formam uma linha deprimida na superfície da pele”, explica o cirurgião-dermatológico Rogério Ranulfo.

Até mesmo a prevenção é difícil, devido aos vários fatores que podem provocar as estrias. "Várias são as causas de seu aparecimento: crescimento na puberdade, aumento de peso, gravidez ou o uso crônico de medicamentos a base de corticosteróide, tanto tópico como via oral", continua Ranulfo.

O problema, que atinge mais as mulheres, pode estar presente em qualquer parte do corpo, mas sempre atacam as áreas mais femininas, como bumbum, seios e barrigas. Para cada lugar e tipo de estria é indicado um tratamento.

Segundo a dermatologista graduada pela Universidade de São Paulo, especializada em medicina estética Alessandra Ribeiro, as estrias avermelhadas são as mais recentes tendo essa coloração devido ao rompimento sanguíneo. Os tratamentos iniciados nessa fase têm melhores resultado, pois as células continuam vivas e com maior capacidade regenerativa.

Já as estrias brancas são consideradas as mais antigas. “Essas estrias são de cor branco-acinzentado, pois a melanina (substancia que dá coloração à pele) não é mais produzida onde as fibras se rompem. Também apresentam uma diminuição acentuada da espessura da pele, formando uma depressão, tipo uma cicatriz. Os tratamentos iniciados nessa fase conseguem apenas estreitá-la”, explica a dermatologista.

Tratamentos e novidades

O tratamento com ácidos, peeling, é um dos mais comuns para a eliminação das estrias. “Eles estimulam a formação de tecido colágeno, melhorando o aspecto das estrias”, diz Alessandra.

No entanto, a dermatologista explica que cada caso é diferente do outro. “Pode haver descamação e vermelhidão e a concentração ideal para cada caso deve ser definida pelo dermatologista, de acordo com o tipo de pele”.

Há também a mesoterapia. Segundo Alessandra, esse tratamento pode ser aplicado nos dois tipos de estrias. “É injetada no local da estria, com finas agulhas, uma substância capaz de estimular a produção de colágeno na quantidade ideal para preencher os sulcos das estrias antigas, que, por conseqüência, ficam mais estreitas. Cada aplicação dura 10 minutos por estria e o tratamento leva, no mínimo, dois meses”.

Esse tratamento, porém, é dolorido e nem todos aceitam a recuperação. “Eu tenho varizes há muito tempo, fiz mesoterapia, mas a recuperação é muito dolorida e a minha pele ficou um pouco roxa depois da aplicação. Hoje eu trato apenas com ácido”, confessa a professora Maria Cristina de Oliveira.

Já o laser é um tratamento mais moderno e indicado para as estrias avermelhadas, provocando o fechamento dos pequenos vasos. “O laser promove a formação de novo colágeno, com diminuição do tamanho das estrias recentes ou antigas”.

Em breve, quem quiser livrar-se das estrias terá ainda uma nova opção. Um aparelho em fase de testes, eletroporador, pretende fazer com que qualquer tipo de substância penetre na pele, contudo sem agulhas.

Segundo Orlando Sanches, esteticista responsável pelo setor de estética da Clínica Charles Yamaguchi e especialista em pré e pós-operatório, Laser e drenagem linfática, o eletroporador cria e emite uma onda eletromagnética que permite a introdução de substâncias através da pele.

“Estamos testando uma melange (mescla de substâncias) que estimulam a produção de novo colágeno, hidratam e regeneram a pele. São necessárias no mínimo dez aplicações para se avaliar os resultados”, explica.

O custo das sessões do aparelho que vem substituir as agulhas ainda está sendo definido, devido à fase de testes que deve durar mais 60 dias. “Ainda não definimos o custo, mas cada sessão deve ficar em torno de R$ 150 a R$ 400”, informa Sanches.

Como evitá-las?

A prevenção é a melhor forma de tratamento. Como? Hidratando e nutrindo a pele ao máximo para garantir sua elasticidade e impedir a ruptura de suas camadas internas.

Segundo Alessandra, evitar roupas apertadas é uma maneira de evitar estrias. “A prática de exercícios físicos regularmente, evitar engordar e emagrecer repentinamente e a preferência por alimentos saudáveis são fundamentais para evitar estrias” aconselha a dermatologista.







Fluvia Lacerda



Fluvia Lacerda: a modelo 'plus size' foi descoberta em um ônibus nos Estados Unidos

A brasileira Fluvia Lacerda, de 29 anos, usa manequim 48, tem 109 centímetros de busto, 89 de cintura e 121 de quadril. E o principal: é modelo. Renomada no mundo da moda dos Estados Unidos, chegou a ser considerada a "Gisele Bündchen plus size" quando iniciou a carreira. Agora, ela pede que as mulheres acima do peso sejam reconhecidas no Brasil. Confira a seguir a entrevista que a modelo concedeu de Nova York, onde mora, por telefone a VEJA.com.

Como começou sua carreira?

Na época eu trabalhava como babá nos Estados Unidos e estava pegando um ônibus para voltar para casa. Uma mulher se aproximou de mim e perguntou se eu já tinha pensado em trabalhar como modelo plus size. Eu não sabia o que era, mas ela me deu um cartão e disse que eu deveria tentar, por conta do formato do meu corpo. Faz uns cinco anos agora.

A moda atende aos manequins das gordinhas nos Estados Unidos?

Sim, tanto aqui quanto na Europa. Temos muitas opções de roupa, modelos, peças estruturadas, tecido de mais qualidade. Os modelos são os mesmos que você compraria no tamanho 34 ou 38, só que eu posso encontrá-los também no meu tamanho, 48.

Por que as mulheres com sobrepreso têm conquistado espaço?

Quantas mulheres da América Latina entram em uma calça de tamanho 30? É irreal. Aqui (nos Estados Unidos) e na Europa, a mulher reivindicou o direito de se sentir incluída. Elas querem se ver em campanhas de moda, abrir uma revista e encontrar uma mulher parecida com ela. Além disso, elas botaram a boca no trombone e o próprio mercado da moda se sentiu forçado a modificar certas coisas. Se isso não acontecesse, no fim das contas, esse mercado perderia consumidores.

O Brasil está acompanhando essa tendência?

Se compararmos a realidade americana com a brasileira, o movimento ainda é fraco. Eu costumava dizer que não tinha muito mercado no Brasil, mas percebi que agora existe esse movimento. Aos poucos, a consumidora brasileira vai reivindicar a chance de ter a mesma calça jeans das modelos em tamanhos maiores.

O que falta?

Começa com a própria visão de negócio das empresas. Acho que os empresários estão perdendo muito ao não reconhecer esse público, porque o Brasil tem essa demanda. Eu recebo centenas de e-mails de mulheres, de norte a sul do país, falando da dificuldade de achar roupa, do preconceito. As empresas precisam perceber que é um mercado muito lucrativo e favorável. E o preconceito do mundo da moda no Brasil precisa acabar.

Que preconceito?

Aqui nos Estados Unidos e na Europa, várias revistas populares entre as mulheres já usaram modelos plus size. Eles têm esse entendimento de que o mercado existe e que é bom mostrar isso de uma forma positiva, com um ensaio produzido, da mesma forma que fazem com modelos magras. No Brasil, por exemplo, quando tentamos conversar com uma revista popular, recebemos a resposta: "Nem pensar."

Por que existe esse medo? As modelos gordinhas poderiam espantar as leitoras?

Se você pegar uma modelo magra, sem maquiagem, vesti-la com uma roupa que nem a sua avó gostaria de usar, bater uma foto mal feita e publicar, provavelmente você terá um resultado ruim, uma imagem nada inspiradora. A ideia da moda é vender uma fantasia. Você precisa fazer a consumidora querer se vestir daquela forma. Tem milhares de mulheres acima do peso no Brasil. Eu não abraço a ideia de que você tem que ser gordinha, só acho que é preciso ser feliz com você mesma. Somos um povo altamente miscigenado e temos uma estrutura de corpo diferente. Se todas as mulheres da sua família têm quadril largo, é claro que você vai ter quadril largo. Se a maioria das marcas só vende peças até o número 42 ou 44, quantas dessas consumidoras conseguem comprar o que veem anunciado nas revistas?

Isso afeta a autoestima das pessoas?

Absolutamente. No Brasil, o preconceito é muito grande. As pessoas não se sentem intimidadas de olhar para você e falar: "Nossa, conheço uma dieta ótima", ou "Nossa, você ficaria tão melhor se perdesse alguns quilinhos". Como se fosse aquilo que validasse você como ser humano. Se você não se encaixa nesse padrão de beleza, você não existe. Quando vou para o Brasil, eu sou parada o tempo todo na rua. As pessoas me perguntam onde eu comprei minhas roupas. A mulher brasileira que está acima do peso não está acostumada a se ver de uma forma positiva. A gordinha é sempre engraçada ou a mais simpática e nunca é ligada à ideia de sensualidade ou beleza. Isso acaba com a autoestima das mulheres.

Nos EUA e na Europa isso não acontece com tanta frequência?

Não, porque nós temos acesso a diversas imagens. O objetivo não é você sentar no sofá comer o dia inteiro e ser sedentária. O corpo humano foi feito para se mover, então vamos malhar. De qualquer forma, esse é o seu corpo, então se vista bem. Aqui nós temos acesso a imagens muito mais positivas, podemos ter roupas melhores. Se você acorda um dia e coloca uma roupa legal para ir trabalhar, naturalmente vai se sentir um pouco melhor, mais segura de si. Uma parte da nossa vida é o lance de se vestir bem. Quem gosta de se vestir mal? Então, aqui, a gente tem muito mais acesso a coisas que não fazem você se sentir um extraterrestre ou alguém sem valor, como se você só prestasse se fosse magra.

Você tem medo de passar uma imagem negativa?

Eu nunca passei a mensagem de que você precisa ser sedentária. Eu não levanto a bandeira do gordinho e, sim, da autoestima, porque é o que falta nas pessoas. Temos uma estrutura genética diferente. Você precisa se curtir do jeito que é. Eu sou ativa, nunca paro. Estou sempre viajando e malho todos os dias quando estou em casa. Então vale para os dois conceitos: não se deve passar fome e comer só um alface o dia inteiro, nem comer demais e não se cuidar.

Você se preocupa com a sua alimentação?

Eu me preocupo muito com a presença de produtos químicos na comida. Tenho uma horta no terraço do meu apartamento e consumo comida integral. Só não deixo de comer o que quero por causa das calorias. Não como comida empacotada, que é terrível para a nossa saúde. Confiro rótulo dos alimentos assim como leio bulas de remédio.

O que você acha de ser comparada a Gisele Bündchen?

Eu achei engraçado quando isso começou. Me sinto muito lisonjeada.

Você acha que todo mundo queria ter o corpo dela?

Querer ter o que não se tem ou querer ser o que não se é representa um desperdício de energia. O meu corpo funciona, me deixa trabalhar, não me dá nenhum problema. Eu tenho o meu corpo, estou saudável e feliz com ele.

( Revista Veja - 30 de dezembro de 2009 )